7 de mar. de 2010

Razão e Sensibilidade

Pois então...
Eu tinha escolhido o livro Muito barulho por nada de Shakespeare para ler um clássico.
Primeiro porque já tinha visto o filme e adorei, mas eu não comprei o livro e nem tenho ele para ler.
Baixei então um e-book.
Tristeza... quando vi a tradução deu vontade de chorar. Faltam pedaços (visivelmente) e a tradução é péssima.
Não vi antes então, azar o meu.
Ainda bem que tinha um livro reserva. Um dos meus filmes preferidos que eu ainda não tinha lido.
Razão e Sensibilidade de Jane Austen.
Acredito que foi o destino ler este livro. Era prá ser!


Eu já tenho uma fascinação especial por livros históricos. Se eles se passam na Inglaterra de 1800 é um plus apenas, pois gosto de ler sobre as mulheres desta época.
Imaginem-se vivendo em uma época em que a mulher devia apenas conseguir um bom casamento.
Viver cheia de panos, espartilhos, toucas, aventais. Mostrar recato e ser versada em artes, literatura, desenho, bordado entre outras coisas domésticas.
Jane Austen descreve muito bem estas mulheres falando das Dashwood. 
São 4 mulheres diferentes mas em busca de um mesmo ideal: uma vida boa e feliz.

Sra Dashwood, a mãe, é a segunda mulher de um homem que já tinha um filho homem, e que só lhe deu filhas mulheres. O que será de uma mulher assim se não for a caridade dos parentes ou filhas bem casadas?
A mais nova, Margareth Dashwood pouco aparece na história (que na verdade é sobre suas irmãs), mas ali está ela entre a razão de uma irmã e a sensibilidade da outra.

Mariane é a sensibilidade. Ela acredita em agir com o coração e dar sentimentos a tudo o que faz. 
Mesmo que todas busquem o casamento, ela busca antes de tudo o amor.
Por aquilo que acredita ser amor, ela desrespeita regras sociais, ignora outras pessoas e age conforme seu coração lhe manda.
Apaixona-se pelo mocinho-cafajeste, que não tem fortuna própria e que acredita que não conseguirá viver de amor e uma cabana com Mariane.
Ela tem um admirador no Coronel Brandon,  que transfere para ela um antigo amor perdido na juventude. E este amor se mantém firme, sólido e compreensivo até o final da história.
Elinor e Mariane do filme (1995)

Elinor é minha irmã preferida. Sei que muitas meninas gostam mais de Mariane e seus rompantes, mas me identifico e muito com Elinor. Vive sobre a razão e guarda para si de forma muito altruísta seus sentimentos.
Ela é razão na aparência mas muito sentimento por dentro.
Sofre calada a história inteira por um Edward Ferrars que me parece um mocinho como ela, preso a sua palavra, as suas ações e a sua razão. 
Ninguém parece querer este amor entre Elinor e Edward. A própria Mariane o acha muito pouco apaixonado (e o que a Mariane acha a Sra Dashwood parece achar também). A irmã de Edward, cunhada das Srtas Dashwood, não quer ver nem ouvir falar desta possível ligação, a mãe de Edward também não. Realmente esta história é muito mais forte e bonita que a de Mariane e seu mocinho cafajeste.
Elinor vive como coadjuvante na família. Nada é para ela, tudo gira em função de suas irmãs, em especial Mariane, e de sua mãe. 
Ao contrário da Elinor do filme, ela é ainda muito jovem, apenas 19 anos, e tem a responsabilidade de agir da melhor forma para toda a sua família.

Eu já era encantada com a história do filme, mas devo admitir que prefiro a Elinor e o Edward do livro.
O Edward do filme é um atrapalhado e tragi-cômico mocinho. Ao contrário, no livro, ele mostra responsabilidade de forma séria e tenta sempre agradar a todos.
Elinor, bem mais jovem no livro, mostra um desprendimento e total dedicação aos seus.
Onde os dois pecam então? Por que sofrem? Por não expor seus sentimentos um para o outro, por manter a dúvida em suas mentes até o final (que é uma feliz série de coincidências criadas por Austen).

Eu já tinha lido Orgulho e Preconceito e percebo que Jane Austen escreveu personagens que se repetem. Não no nome, mas na postura e na personalidade. Algumas se misturam, outras se atraem, mas as personagens de Austen são mulheres fortes que lidam com as dificuldades de uma sociedade machista e que conseguem viver boas vidas independente de adversidades e das atitudes dos homens que as cercam. De certa forma, os homens de Jane Austen apenas reagem as atitudes que as mulheres tomam, mas acreditam que eles é que agem e decidem.


Talvez eu esteja sendo confusa nesta resenha, mas é que há uma profundidade muito grande nas personagens de Jane Austen. Só lendo para as conhecer e reconhecer. Não vale a pena apenas. TEM QUE SER LIDO.
As mocinhas não são agressivas, nem as histórias são hots, mas não tem como desgrudar do livro depois de começar a ler.


Se você só viu o filme, vá ler o livro... se nem o filme viu, vá ver e leia o livro.


Eu aplaudo Jane Austen e me penalizo por não existir alguém a altura para continuar histórias tão lindas como esta.

20 comentários:

Aline Maziero disse...

Eu tenho muita vontsde de ler esse livro e a sua resenha só aguçou isso. Adorei. Bjos

Aline Maziero disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda disse...

Eu li o livro depois de assistir a série da BBC, e amei... também me identifico mais com a Elinor do que com a Marianne.. ;)

Bjs

Laura disse...

Tenho muita vontade de ler esse livro. Está na lista com certeza! Obrigada pela resenha.

Lariane disse...

vi a série...

24por7 disse...

Hum... preciso me esforçar mais pra entender a grandiosidade de Miss Austen... minha resenha é sobre "Persuasão", dps passa lá no meu bróg e diz o que achou! Bjs

Cristine Martin disse...

Olá Medéia,

Esse foi o meu livro de janeiro, e adorei! Você tem toda a razão quando diz que ele *tem de ser lido*; não é a mesma coisa assistir ao filme (que por sinal é muito bom), no livro há muito mais detalhes e a prosa deliciosa de Austen, que consegue ser crítica e irônica com uma sutileza rara.

Já havia adorado orgulho e Preconceito, e ainda pretendo ler os outros livros dela. Valem a pena!

Grande abraço!

Carol disse...

Olá!
Nunca tive um exemplar de Jane Austen nas mãos, apenas dei umas "sapeadas" nos filmes, e no pouco que vi, também achei que os personagens se repetem... tinha isso como mau sinal, mas você falou tão bem dos livros, que vou arriscar!
Beijos!

Meu livro de março:
http://eulalios.net/eueeu/index.php/2010/03/05/desafio-literario-2010-livro-de-marco-resenha/

disse...

Fala Medeía!

Muito a boa a resenha, garota.
E Jane Austen é "Hors concours".
O desafio tem nos permitido ter contato com os grandes nomes da literatura.
Quer privilégio!
Valeu, girl!!
A gente se vê por aí!

Besos...RÊ

amgmontavon disse...

Eu li esse livro anos atras para uma resenha da faculdade. Esse ano decidi ler Orgulho e preconceito no original (ja tinha lido em portugues). Como vc disse tem algo profundo nos personagens de Austen. Elas nao se rebelam contra a realidade social em q se encontram, mas sao personagens decididamente fortes. Eu acho q morreria se vivesse desse jeito, so esperando por um bom casamento kkkkk.
Parabens pela resenha!!!

Vivi disse...

Excelente resenha, querida. Certamente é uma leitura indispensável pelo retrato de uma sociedade que Austen via com extremo acuro. Amo o filme e o livro.

Beijos

Miriam disse...

Oie!

Esse livro tbm está na minha lista do desafio!! Ainda não li pois estou esperando ficar disponível na biblioteca :(

bjssssssss

Diana Bitten disse...

Não, não achei que vc tenha sido nem um pouquinho confusa na resenha, como comentou, aliás, muito pelo contrário, eu gostei!!

Tb gostei muito de Razão e Sensibilidade, porém como adoro a Jane Austen não poderia ser diferente. Mas, mesmo concordando com vc que exista muita semelhança entre O&P e R&S, preferi o Orgulho e Preconceito, já que não curti muito a Mariane.

Abraços e até mês que vem!

Anônimo disse...

Eu adoro o livro, o filme, a historia, a personagem Marianne Dashwood!!! Excelente escolha ... Beijos

Kézia Lôbo disse...

Bahh a tempos quero ler esse livro e
sua resenha fez apresar a decisao XD....

Lia disse...

Olá, Medéia
Estou tb estou lendo esse livro para o desafio e estou gostando muito. Também sou como vc, gosto mais de Elinor, tb me identifico mais com ela. Marianne é passional demais.
Imagino como as mulheres dessa época deviam sofrer; sempre esperando um casamento para dar um sentido a vida...
Bela resenha, parabéns. Bjs

Caline disse...

Admito que até hoje só li um livro da Jane Austen, mas ela me cativou de um jeito que eu tenho certeza que todos os livros do pequenos legado que ela nos deixou, são maravilhosos e sua ótima resenha só comprova isso.

Bjs.

Mi Müller disse...

Esse livro é mesmo uma delícia, não é meu favorito da Jane Austen, mas é maravilhoso. Adorei a tua resenha apaixonada :D Ah eu também me identifico muito mais com a Elinor!

estrelinhas coloridas...

Unknown disse...

com certeza jane Austen está entrando pra minha listinha de autoras preferidas... Li no Desafio: Orgulho e Preconceito e já tenho programado pra ler Razão e Sensibilidade...já assisti o filme e gostei muito e sua resenha medeu mais vontade de ler... Otima leitura no restante do desafio...XD

Lori disse...

Nossa sou fã de Jane Austen eu li Persuasão que não fica nada atras de Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade, mas como vc disse realmente os personagens são parecidos na personalidade, mas cada história é uma história. Eu creio que gostei mais de Persuasao entre os tres titulos. Mas todos tem o seu Q de quero mais....rsrs...beijokas elis...Parabéns pela resenha ficou maravilhosaaaa.....te mais!!!