30 de nov. de 2010

Caim - José Saramago

Já falei de Saramago em um post no blog Um Livro no Chá das Cinco quando da morte dele (Ensaio sobre a Cegueira). E escolhi, muito antes disso, Caim para o Desafio Literário de novembro de 2010.

Alguns dos livros de Saramago são de difícil e lenta leitura. Ele não foi premiado a toa, mas usa(va) e abusa(va) de palavras difíceis, temas complexos e pesados.

Em Caim, mais uma vez, ele ataca a igreja, mas não é um ataque aos fiéis e sim a interpretação bíblica da mais antiga história de todas: a de Caim e Abel.

Na verdade, a ênfase é em Caim. Passando por Adão, Eva, deus (em minúscula mesmo, afinal ele era ateu), Abel, Lilith e muitas outras personagens bíblicas.
Se você não levar a sério o ataque às crenças, consegue se divertir muito, pois a linguagem deste livro é irônica e muito divertida.

Interessante é perceber que Saramago usou de frases muito longas, com parágrafos intermináveis e com nomes próprios em minúscula. Talvez para não dar o tempo de respirar enquanto se lê, talvez para não te fazer desistir da leitura. Já os nomes próprios em minúsculas foi a forma que ele encontrou de banalizar o ser humano representado, mostrando que estes personagens bíblicos são, possivelmente apenas isto: personagens. Possivelmente nem mesmo existiram (essa é a idéia).

Saramago disse uma vez que criamos um Deus a nossa imagem e semelhança e por isso ele é tão cruel nas escrituras antigas.

E a relação entre irmãos Caim e Abel, na disputa pelo amor de Deus é uma relação exclusiva, que gera perseguição e guerras.

Caim passa por várias passagens do Antigo Testamento de uma forma mordaz e jocosa. Abraão se faz presente, Sodoma e Gomorra, Moisés, Jó e até Noé (com um final diferente do tradicional).

Caim para Saramago é o que antagoniza com Deus e, é através dele que Deus e suas decisões são questionadas.

Se você não tem preconceitos, eu aconselho a leitura. É bem humorada e engraçada.

2 comentários:

Vivi disse...

Olá, queridaça! Como você me conhece (pelo menos essa parte de mim) deve saber que eu não me divertiria nem um pouco lendo o livro. Se o lesse, claro, ao fim estaria esgotada de tanto pensar, pensar e pensar...enfim, minha razão gritaria com os pelos eriçados. ;D

Beijocas

Anônimo disse...

Quero muito ler Saramago, mas vou comecar por Ensaio sobre a cegueira. Ate' dezembro, beijos