4 de abr. de 2010

A Sombra do Vento

Carlos Ruiz Záfon já foi uma boa surpresa para mim quando li “O Jogo do Anjo”. Não tenho boas lembranças das minhas tentativas de ler literatura latino americana. Talvez eu estivesse em momentos errados e não tivesse maturidade literária suficiente para ler clássicos como Gabriel Garcia Márquez e outros. Mas no ano passado, tive a boa surpresa de ler Záfon e gostar realmente de sua forma de escrever. Por isto escolhi de imediato “A Sombra do Vento” quando pensei em no Desafio Literário Abril.
Ele escreve sempre de forma grandiosa. É sempre um épico, um clássico, totalmente envolvente e sem nos deixar piscar durante a leitura. A Sombra do Vento não é diferente.



O cenário de A Sombra do Vento é Barcelona no período pós-guerra, período franquista e trevoso logo após o fim da segunda guerra mundial. Záfon consegue sempre trazer a História (com H maiúsculo mesmo) para a sua história. De certa forma, esta situação histórica constrói os sentimentos e anseios dos seus personagens.

Daniel Sempere é o personagem principal desta história e foi aí que tive uma bela supresa pois lembrava da livraria Sempere e Filhos e do Cemitério dos Livros Esquecidos (da obra O Jogo do Anjo). Tudo começa quando seu pai, para não vê-lo mais triste por não lembrar mais da mãe, o leva ao Cemitério dos Livros Esquecidos. Este é um lugar que imagino como um paraíso. Uma biblioteca secreta, no coração de Barcelona, onde livros que foram abandonados estão à espera de quem os adote. Lá ele encontra “A Sombra do Vento” de um escritor de Barcelona chamado Julián Carax.

Daniel acaba fascinado pelo livro e busca descobrir outras obras do autor e descobre que ele tem uma vasta obra, mas que alguém está queimando todos os livros que este autor já escreveu. Enquanto o garoto cresce a história se desenvolve e Daniel percebe que a obra de Carax está relacionada com a história de amor entre o próprio autor e a filha de uma família da alta sociedade.

Daniel aparece de forma tangencial em O Jogo do Anjo, uma vez que sua mãe (que na obra a Sombra do Vento já está morta) participa mais efetivamente e interage com David (personagem principal de O Jogo do Anjo).

A vida de Daniel vai sendo contada de forma envolvente e ele vai despertando aos poucos para o amor (sim, há um romance na história, mas eu não vou contar... eh eh eh), enquanto sua vida parece estar entrelaçada com Julián e com os segredos que Barcelona esconde em suas praças, cafés e locais misteriosos. Mas principalmente com a história de “A Sombra do Vento”, livro que inicia toda esta jornada.

Fico me perguntando se depois desta obra, Záfon terá ainda outros livros esquecidos a serem encontrados e outros personagens misteriosos e intrigantes que estejam emaranhados uns com os outros e com os livros do Cemitério dos Livros Esquecidos.

Eu vi em uma crítica uma comparação da obra de Záfon com bonecas russas. E é isto mesmo. São histórias dentro de histórias em uma mistura de presente, passado e futuro.

Mas não pense nem espere finais (afinal são várias histórias) totalmente felizes e “para sempre”. Zafón sempre nos surpreende com as reviravoltas e com as transformações pessoas e morais que sofrem seus personagens.

Eu recomendo e muito. E recomendo que se leia, não importa a ordem, também ”O Jogo do Anjo”. Feliz que fui na escola do Desafio Literário de Abril!!!!!!!!!!


Só uma frase do livro antes de encerrar: Os livros são espelhos: só se vê neles o que a pessoa tem dentro – replicou Julián.”
Até a próxima...

15 comentários:

Diana Bitten disse...

Esse livro é só MARAVILHOSO! Eu amei o F. Romero de Torres, perfeito!

Recomendo muito!!! E que sorte você deu na escolha do livro, hein?

Um abraço e até mês que vem!

Medéia (Carlena) disse...

Dei sorte mesmo!!!!
Adorei

Aline Maziero disse...

Amo esse livro, mas o autor não é latino-americano, é catalão. EWm todo caso, excelente livro, maravilhosa resenha.

Medéia (Carlena) disse...

Pior, Aline
Mas só me dei conta quando comecei a ler e relembrei O Jogo do Anjo e que a história se passava em Barcelona.
Mas latino ele não deixa de ser... só não é americano... eh eh eh
Mesmo assim, A M E I!

Nara Mariana disse...

UAU, que livro intrigante!
Gostei demais da sua resenha.
Bjs! ;)

Anônimo disse...

Este ja' esta' na minha lista!!!! A resenha esta' mtuito boa. Parabens!!!

Irritadinha disse...

ja vendi tanto esse livro mas ninguem me convenceu a ler como vc....gostei da sinopse e a resenha está otima.

Vivi disse...

Ainda não tive tempo para um encontro com esse autor. Tenho muito vontade conhecer suas obras. Excelente resenha.

Beijins

Laura disse...

Esse livro é um estouro!!! Li muito devagar, degustando mesmo a forma como o autor escreve, a maneira como a trama vagueia para sua conclusão. É tudo muito bem amarrado, lento e detalhado. O Romero Torres é o personagem mais bacana do livro, com certeza!

Eu ainda não li O Jogo do Anjo mas pretendo ler em breve. Ótima resenha e excelente escolha!

Kézia Lôbo disse...

Quero muito ler esse livro... so vejo elogios!!!

Caline disse...

Minha leitura desse mês não deu certo, talvez como você disse eu ainda não tenha maturidade literária suficiente, enfim... que bom que voce gostou do livro que escolheu. Também tava dificil errar depois de já ter experimentado outro livro do mesmo autor.

Bjoo.

Lia disse...

Adoro esse livro, é um dos meus favoritos..mas não achei "O Jogo do Anjo" tão bom quanto esse..

Fernanda Assis disse...

Ah eu amo este autor. Sou fã de carteirinha e não vejo a hora de outro lançamento. A sombra do vento eu já li 3 vezes rsrs

O curioso é que vc leu O jogo do anjo antes e não sei se vc viu, a história do jogo do anjo acontece antes de A sombra do vento porém o livro foi lançado depois.

Então quem leu A sombra do vento primeiro demorou um pouquinho pra se situar no período histórico e foi muito legal tbm :)

beijooo

Nanda (Viagem Literária)

C. Vieira disse...

Adorei sua escolha. Este livro caiu-me por acaso nas mãos a alguns meses, quando eu já estava saturada da bibliografia obrigatória da faculdade.
Bom, há um único senão em relação a ele. É um livro lindo mas o autor não é latino-americano. Ele é espanhol de nascimento e sua literatura sempre retrata seu país natal.

Bem, isso não tira de nenhuma maneira os louros de sua resenha. Amei relembrar da leitura de "A Sombra do Vento". E, do jeito que sou cismada, logo que relembrei disso também rememorei uma questão muito engraçada sobre o uso das palavras: Vento tem sombra? rs

Já, segundo a Zélia Duncan, a alma tem epiderme ( A epiderme da alma). E por aí se vão as maluquices de quando escrevemos.

Mas a verdade é que ao menos certeza de que os livros, realmente, espelhos que nos refletem. A nós nossas angústias e nossos infinitos anseios por um, quem sabe, final feliz.

Grande abraço pra ti, Medéia!

Anônimo disse...

Adorei o post! Estou louca para começar a ler esse autor, tenho três livros dele aqui na fila.